...Mas era legal fingir, mesmo que só no meu mundo, que eu tinha renascido, que tudo que eu decidisse ser, eu poderia. Se eu quisesse ser Alice no País das Maravilhas, era só fechar os olhos e começar a ver lagartas com narguilé, cogumelos mágicos, coelhos atrasados ou um exército de cartas de baralho.
Para mim, todas as frustrações pelas quais eu já havia passado dependiam unicamente das minhas características (as reais, eu digo). E ser outra 'eu' era como uma chance de fazer a diferença. De poder ter o que eu sonhava e ainda não havia realizado. Parecia que, pra mim, se eu ainda não tinha realizado alguns sonhos sendo eu mesma, era porque eu precisava ser outro alguém pra me encaixar. O que acontece é que ser isso tudo, pra quem não é, é completamente o contrário, é como se anular, sabe? E no meio da pólvora, eu acabava me anulando e me decepcionando com o novo eu e... Mudando novamente!
Eu fiquei ali parada, de frente pro espelho, tentando reconhecer alguém diferente, mas eu não via nada além de mim, o que não era a coisa mais desejada naquele momento.
Cíclica
Há 8 anos
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